Tudo sobre encaminhamento no SUAS + modelo de formulário para download

Tudo sobre encaminhamento no SUAS + modelo de formulário para download

Tempo de leitura: 9 minutos

Você acredita ter conhecimento da importância do encaminhamento no SUAS? Como eles são feitos na sua unidade, atualmente? Além de explicar tudo o que você precisa saber, nós preparamos um modelo de formulário de encaminhamento para download gratuito que será capaz de ajudar qualquer município a organizar seus fluxos de referência e contrarreferência.

Fica com a gente para entender isso e acessar nosso modelo de encaminhamento para CRAS, CREAS ou qualquer unidade socioassistencial!

Uma das maiores virtudes no acompanhamento e/ou atendimento sociofamiliar é o reconhecimento de que você não consegue fazer tudo sozinho. A complexidade das situações que as famílias muitas vezes apresentam dentro dos CRAS e CREAS exigem do profissional uma completude do seu trabalho em outros lugares.

Entender como funciona a rede de proteção, ou até mesmo ter clareza sobre as reais necessidades das famílias são pontos chave para a transformação da realidade. Este entendimento precisa ser aplicado e coordenado com ações que vão direcionar a família no possível caminho dessa transformação.

Para efeito disso, são levantados instrumentais técnicos e operacionais que permitem ao profissional e à família meio que um passo a passo ou formalização do processo de transformação da realidade. Dentre estes instrumentos, trataremos neste texto especificamente sobre o encaminhamento.


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O que é o encaminhamento?

É importante entender que encaminhamento é um recurso instrumental muito além do preenchimento de um formulário. Trata-se do reconhecimento da demanda da família, da incompletude ou incapacidade do serviço local de atende-la nas particularidades, da manifestação do conhecimento da rede e do direcionamento da família para o local mais apropriado para o tratamento da questão por ela vivida.

Em outras palavras, encaminhar uma família ou um indivíduo para outro serviço pressupõe de que a demanda que ela apresenta não pode ser atendida na unidade em que o profissional está, e isso por motivos diversos. É possível que tal demanda não seja de competência da unidade, ou não há recursos disponíveis para o atendimento, ou até mesmo pessoal.

Ter clareza da demanda e conhecer a realidade são apenas alguns dos principais pontos essenciais para um bom encaminhamento, os quais serão descritos a seguir

É preciso ter clareza da demanda

É muito comum a família procurar os serviços da assistência social por causa dos benefícios sociais geridos pela política. Mesmo ainda sem atender ao perfil básico para os receber, a família cria estratégias ou faz tentativas de acesso. Isso pode ocorrer pois a família no mínimo apresenta falta de algo e usa da criatividade para acessar o que acredita que irá resolver a situação imediata que vive.

Essa realidade é vivenciada por técnicos do SUAS de todo o país, o que faz com que uma escuta qualificada seja imprescindível. Essa escuta parte principalmente da habilidade de se fazer as perguntas corretas e da forma exata que promovam um sentimento de confiança por parte da família tanto no trato da informação quanto na implicação da equipe em buscar respostas para a demanda.

Ao desenvolver apropriadamente a escuta da demanda, o profissional poderá então agir com maior assertividade junto à construção de processos de superação desta. Pode-se pensar em uma família que vai em busca de cesta-básica e o declara no atendimento, porém, durante a investigação, a equipe descobre que questões pontuais de atendimentos de saúde ou acesso a medicamentos gratuitos podem contribuir para que a gestão dos recursos familiares possa ser melhor explorada para serviços básicos.

Considerando o exemplo, sem explorar todas as possibilidades da realidade dessa família e olhando apenas para a situação declarada, já se pode pensar inicialmente tanto no encaminhamento desta para serviços de saúde quanto numa investigação social mais profunda para verificar se não há outras demandas ou como esta se manifesta.

O ponto central aqui é que não se deve ficar satisfeito com a declaração imediata da família, usando o exemplo, não se limitar apenas a investigar se a família atende aos critérios de acesso a uma cesta-básica. Como um iceberg no oceano, a verdadeira grandeza e concretude da demanda da família pode estar submersa abaixo daquilo que é aparente, ou por detrás do que ela traz para a superfície.


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Conheça bem a rede de atendimento

Pronto, munido de um conhecimento claro da demanda da família, o próximo passo é identificar quais os serviços são mais indicados no atendimento à situação. E não basta apenas saber que existe um posto de saúde ou um curso disponível na escola tal, é preciso entender a própria estrutura da rede para permitir um mínimo de concretude na intenção de encaminhar.

Uma das ações básicas seria circular o território para conhecer melhor a rede. Quais são os profissionais que atuam na unidade de saúde? Como o usuário pode chegar até o atendimento? Quais os documentos básicos ele precisa ter em mãos? Como é organizado o atendimento neste lugar? Essas, e outras, seriam bons exemplos de perguntas a serem feitas.

Outra forma de qualificar melhor o conhecimento da rede seria também considerar os outros profissionais que trabalham já há mais tempo na mesma unidade que você. Pergunte sobre como é a relação com este ou aquele serviço, ou se há outras possibilidades de encaminhamento.

É certo que em muitos atendimentos você não terá oportunidade de passar por estes pontos apropriadamente antes de efetivar o encaminhamento. Mas o que se propõe aqui é um exercício básico cotidiano para se afiar melhor este instrumento.

Envolva a família no processo

A família é o ponto central do atendimento e não deve ser esquecida ou negligenciada em qualquer momento. Jamais cometa o erro de achar que você é quem tem o poder de resolver qualquer coisa para a família. O máximo que se pode fazer é contribuir, apoiar, orientar, direcionar. O real movimento de transformação deve partir da família.

O que isso quer dizer? Simplesmente que você precisa se atentar para o quanto a família considera importante a situação identificada por você, ou até mesmo considerar as prévias relações da família com os demais serviços da rede. Lembre-se, a família circula no território e procurou você para uma demanda específica.

Também é muito importante não tratar a família menosprezando seu poder de articulação ou ainda a subestimando na habilidade de se implicar para resolver as situações. Como em alguns casos, o técnico impede a família de se fortalecer na resolução de seus conflitos ao tentar resolver tudo por ela.

Permita que a família vá sozinha à outra unidade, intervenha apenas quando sua capacidade de circulação for limitada. Incentive-a a propor soluções conjuntas para os problemas vividos, a participar do processo de resolução. Proponha caminhos possíveis, dentro do que a família é capaz de andar.

Tenha o melhor instrumento

Para corresponder à excelência do trabalho desenvolvido e descrito até este momento, é muito importante ter o instrumento ideal que concentrará de forma sucinta todos os pontos tratados. Tal instrumento, normalmente construído em modelo de formulário, constitui tanto uma formalização do procedimento quanto outorga a família uma materialidade do atendimento.

Ao sair, nem sempre as famílias se lembram dos detalhes ocorridos durante o atendimento, chegando a esquecer nome de quem a atendeu e as vezes até mesmo o nome da unidade. Ao ser entregue a esta um formulário, ela poderá relembrar as orientações prestadas.

Para a construção deste instrumento, três campos são essenciais: Identificação, conteúdo e formalização. É preciso identificar as partes envolvidas:

  • Quem está realizando o encaminhamento, descrevendo o nome da unidade, técnico de referência e contato;
  • Nome completo do usuário encaminhado
  • Unidade a que se destina o encaminhamento com descrição do setor específico ou área profissional de indicação de atendimento da demanda.

Também é necessário uma descrição sucinta da demanda do usuário com a indicação do técnico do que avalia ser importante para satisfazê-la. Por fim, é preciso ter um espaço específico para assinatura do profissional que realiza o encaminhamento, tornando o formulário um documento formal para a unidade.

Em vez de criar um instrumental do zero, você pode utilizar o modelo desenvolvido pelo GESUAS. Elaborado de acordo com as normativas do SUAS, você pode preenchê-lo à mão ou pelo computador e, se quiser, imprimi-lo. Um pedacinho do que o GESUAS já oferece para dezenas de municípios e que você pode baixar gratuitamente! Basta clicar na imagem abaixo. 😊

Baixe um modelo de formulário de encaminhamento para CRAS, CRAS, Centro POP, etc.

Conclusão

Por ser um instrumento cotidiano e parte da rotina de todo serviço tipificado, sua importância acaba não sendo tão valorizada. Com as informações neste texto, esperamos você tenha saído mais afiado no seu trabalho e consiga ganhos significativos junto às famílias!

Se você quiser ir além e integrar completamente o trabalhos dos diferentes equipamentos, nós mostramos como neste artigo.

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