Gestão da Informação e Vigilância: organização dos processos de trabalho

Tempo de leitura: 7 minutos

Por Debora Begati

Nos dias atuais temos comprovado cada vez mais a necessidade de organização e planejamento para aperfeiçoar toda ação realizada de forma racional e intencional. Não é possível ter êxito sem que tenhamos o mínimo de clareza sobre o caminho que vai ser percorrido.

Esta clareza advém de informações previamente levantadas, através de dados específicos e percepção analítica do contexto em questão. Organização é um processo de trabalho a partir de algumas variáveis sendo informação uma bem importante, uma força motriz para aperfeiçoar e dar maior qualidade às ações.

Mas o que essa questão tem a ver com o SUAS?

A política de Assistência Social constituída enquanto sistema é um conjunto integrado de serviços que pressupõe processos de trabalhos, que precisam ser previamente planejados e criticamente analisados. O planejamento envolve projeções futuras de ações e recursos necessários a partir de dados atuais. Desta forma, organizar os serviços, as ações que serão realizadas por eles, envolvem análise e discussão das informações obtidas.

Neste espaço a ideia é pensarmos os mecanismos existentes no SUAS que possibilitem a organização dos processos de trabalho de forma qualificada. Na Gestão da Informação,  a vigilância socioassistencial é um mecanismo de extrema relevância para este fim. A gestão da informação se configura em ação necessária e comprometida para que o SUAS caminhe rumo ao que precisa ser ofertado à população a qual se destinam as ações.

Gestão da Informação

Informação é um conjunto de dados e conhecimento organizados que compõem referência sobre alguma realidade, fato ou fenômeno. Gerir essas informações implica rotinas de processamento, armazenamento, classificação, identificação e compartilhamento de registros, sejam eles digitais ou físicos.

Importante destacar que a responsabilidade sobre todos os dados produzidos pelos serviços é compartilhada entre todos os atores envolvidos. À gestão compete a constituição de instrumentos capazes de potencializar, modernizar e otimizar os dados produzidos. É imprescindível que sejam pensadas formas de sistematização das informações e reflexão permanente das mesmas. É permitir que se escreva a história dos serviços e de todos que ali passam no cotidiano além de possibilitar avaliação e monitoramento permanente.

É preciso ampliar o olhar para além de números, não é somente indicar quantitativos de atendimento e apresentar o volume da demanda, mas identificá-las e propiciar conhecer quais, como se manifestam e onde estão.

A informação deve auxiliar na construção do conhecimento acerca dos fenômenos. Deve ser papel estratégico nos processos de planejamento e inteligência do SUAS, otimizando seu potencial e direcionando cada vez mais num conjunto de respostas e ações efetivas.

 

Planejamento

Muito necessário e debatido, também apontado como principal desafio a ser operacionalizado no cotidiano de trabalho no SUAS, tanto pelas equipes como pela gestão.

Planejamento é processo que exige capacidade de refletir sobre o ocorrido e vislumbrar o que será realizado, articulando saberes. Denota organização e amplia as capacidades, além de apontar para rumos mais eficientes. E como refletimos sobre o ocorrido?

A partir dos dados e percepções que conseguimos levantar, ou seja, de toda informação produzida no dia a dia. Portanto é de extrema importância que haja organização e sistematização destas informações, para que sejam à luz das fundamentações ética, teóricas e técnicas analisadas e subsidiem novas decisões.

Assim poderemos dizer de um caminho acertado no que se refere pensar o SUAS em racionalidade e intencionalidade e contrapor uma lógica de respostas improvisadas e imediatistas e fora do contexto da população que demanda os serviços da política de Assistência Social.

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Vigilância Socioassistencial

A vigilância socioassistencial, como uma das funções do SUAS, se constitui como compromisso desta política pública propondo-se alerta a todos os fenômenos e indicadores produzidos. É a forma estratégica que se pensa e torna a política cada vez mais técnica e eficiente.

Na gestão da informação a vigilância se constitui uma área  que busca auxiliar no processo de planejamento, monitoramento, avaliação através do provimento de indicadores e análises dos processos de execução dos serviços.

É  ferramenta de ligação entre as necessidades e como estão sendo implementadas as ações, alinhando necessidades e possibilidades. É propor análise sobre as percepções e dados produzidos otimizando os processos de sistematização.

A vigilância é composta por todos os atores do SUAS que produzem dados sobre a política. Compromisso com a vigilância denota responsabilidade com a qualidade dos serviços prestados e a busca por direcionamento acertado, como uma bússola, indicando os rumos e onde devemos seguir.

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Processos de trabalho no SUAS

Como pontuado até aqui, a gestão de informação pressupõe organização e planejamento aliado a um processo de reflexão crítica sobre a realidade. É cumprir uma das funções do SUAS se mostrando vigilante e atento.

No cotidiano, quais benefícios podemos perceber desse movimento?

Maior organização e efetividade das ações. O estabelecimento de fluxos e procedimentos, propostas de ações, projetos, benefícios pautados em dados e informações que endossam a justificativa e fundamentam a atuação dos serviços.

Quando é possível que uma equipe pare e consiga visualizar os dados produzidos, faça análise e produza indicadores sobre o SUAS ela demonstra conhecimento acerca de sua intervenção, do território e do público que acessa os serviços.

Portanto interferem tanto no conteúdo, tema de intervenções quanto na organização dos serviços. É possível com gestão da informação e vigilância otimizar o orçamento, tornando assertivo e congruente a realidade, além de justificar o que tem sido e por qual motivo tem sido insuficiente: recursos financeiros, recursos humanos, recursos materiais entre outros.

Muitos fluxos e procedimentos estão desorganizados em função da não sistematização e registros de dados. O processo de avaliação e monitoramento pode propiciar rever fluxos e não simplesmente implementar o que se pensa estar certo. É o alinhamento constante do real com o possível e necessário.

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Conclusão

Pensar o SUAS em todos os seus fundamentos pressupõe não o deixar estático e pragmático. O processo crítico e reflexivo é possível a partir do alinhamento de informações e percepções sobre a realidade das famílias e do território onde se encontram em execução os serviços.

Associar dados e realidade é processo técnico e comprometimento de gestão que almeja qualificar o SUAS e tornar-se uma política que distancia cada vez mais do improviso e imediatismo.

Uma execução em aprimoramento prevê processos de trabalho organizados, bem estruturados, orientados e isso será possível ao passo que sua perspectiva seja de permanente estado de vigilância dos dados e informações produzidas.

É preciso compreender a importância da gestão da informação e vigilância na atualidade, torná-la um fato é necessário para que o SUAS possa avançar cada vez mais em inteligência e planejamento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social. Orientações Técnicas da Vigilância Socioassistencial. Brasília, DF: MDS, 2013

 

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