Como o BI pode ajudar na organização e otimização do SUAS do seu município?

Tempo de leitura: 8 minutos

Por Letícia Fonseca

Se você é alguém como eu que, antes do GESUAS, nunca tinha ouvido falar em BI por não ser uma sigla que compõe nossa rotina na política de Assistência Social, pare alguns minutos para entender como essa ferramenta pode auxiliar na estruturação da política de assistência em seu município.

O BI, sigla dada para a expressão Business Intelligence, ou Inteligência de Negócios, foi criada para fazer referência a um conjunto de ferramentas gerenciais que têm ganhado espaço no campo empresarial pela eficácia no tratamento dos dados e apoio para tomada de decisões da gestão.

Considerando o mercado cada vez mais competitivo, é essencial que as organizações invistam em estratégias eficazes de atuação para se destacar dos seus concorrentes e conquistar uma vantagem competitiva (REIS; ANGELONI, 2006). Para tanto, o BI une um conjunto de ferramentas que possibilita a tomada de decisões de forma inteligente, por meio do processo de captação e integração de dados de diferentes sistemas (GUIMARÃES, 2017).

Mas, como o BI pode ajudar na organização do SUAS?

BI (Business Intelligence) é uma ferramenta que utiliza tecnologia para coletar, analisar e apresentar informações relevantes para tomada de decisão estratégica. No contexto da Assistência Social, o BI pode ser utilizado para melhorar a gestão e monitoramento dos programas e serviços oferecidos pelo município.

Com o uso do BI, é possível obter dados precisos sobre a demanda pelos serviços de Assistência Social, o perfil dos usuários atendidos, o desempenho dos programas e serviços oferecidos, entre outras informações relevantes. A partir desses dados, usando o BI na organização e otimização do SUAS, é possível identificar padrões, tendências e oportunidades de melhoria na gestão da política de Assistência Social.

Além disso, o BI pode ajudar a simplificar e agilizar os processos de gestão de dados, tornando mais eficiente o trabalho dos profissionais envolvidos na política de Assistência Social. Com a automação de processos, é possível reduzir o tempo e o esforço necessários para analisar dados, permitindo que os gestores se dediquem mais à formulação de políticas e à tomada de decisões estratégicas.

Em resumo, o uso do BI na organização do SUAS pode trazer benefícios diversos para a gestão da política de Assistência Social em seu município, ajudando a melhorar a eficiência da política, além de garantir que os recursos sejam utilizados de maneira mais adequada e direcionada para atender às necessidades dos usuários da Assistência Social.

Através dessa compreensão, o GESUAS – que já possui um sistema que compila todas as informações dos usuários, das famílias e das ações realizadas pelos técnicos – trouxe o BI na perspectiva de pensar para além de um sistema que oferece apenas o padrão nos registros das informações, mas também para agregar a isso os instrumentos necessários para a análise e compreensão para o benefício da gestão no processo de aprimoramento do SUAS em seu município.

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O GESUAS e os Relatórios de Gestão do BI

A Gestão da Informação compõe a política de assistência social como um dos seus eixos estruturantes a fim de que, por meio da informação, a gestão tenha subsídios para objetificar a política, perpassando os instrumentos que compõem a manutenção da oferta socioassistencial: planejamento, monitoramento e avaliação.

Conforme vemos no e-book “Caminhos para a Gestão de Informação no SUAS”, existem etapas para a construção do conhecimento. Inicia-se com o dado, isto é, o registro das ocorrências e atividades executadas na ponta, “que apesar da grande variedade, volume e ainda disponibilidade, trata-se da menor unidade dentro da cadeia de conhecimento” (COLERAUS, p. 12). Portanto, esses dados precisam ser compilados e organizados para virarem matéria, ou seja, transformar-se em informação útil para que através da análise dos técnicos profissionais se constituam enquanto conhecimento para tomada de decisão e garantia de um planejamento efetivo.

Em conformidade com essa compreensão acerca da estruturação da política, o Gesuas apresentou o BI (Business Intelligence) como uma ferramenta para ajudar a interpretar e analisar os dados coletados pelo GESUAS. Com o BI, é possível produzir relatórios intuitivos que cruzam informações de diversas categorias dentro do sistema e possibilita ao gestor produzir diferentes tipos de informações para contribuir desde o planejamento até o monitoramento da oferta.

Quando pensamos nos avanços no âmbito da assistência social ainda é muito difícil para nós, profissionais, ir para além dos mecanismos convencionais advindo de uma prática repetida que foi se propagando no nosso meio de atuação e formação. Quem não conhece, por exemplo, o famoso livro de registro do CRAS?

O BI chega nessa perspectiva de organizar o emaranhado de dados que temos disponíveis, obtidos pelos próprios técnicos diariamente, que deveriam servir para retroalimentar a melhoria na execução do serviço.

O BI pode ser aplicado na Assistência Social para auxiliar na gestão da informação e na tomada de decisões mais assertivas, ele pode ser o ponto de partida para desenvolver a própria função da vigilância socioassistencial, através do seu mecanismo de integração de dados, a fim de obter informações mais precisas sobre a população atendida e sobre a oferta de serviços e programas socioassistenciais. Com o uso do BI, é possível analisar esses dados de forma mais rápida e eficiente, identificando tendências e padrões que podem subsidiar a elaboração de políticas públicas mais adequadas às necessidades da população.

Além disso, o BI pode ser útil para monitorar a execução dos programas e serviços da Assistência Social, permitindo o acompanhamento de indicadores de desempenho e a avaliação dos resultados alcançados. Com essas informações em mãos, os gestores podem identificar possíveis falhas e realizar ajustes nas políticas e nos programas implementados, melhorando a efetividade da oferta socioassistencial.

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Considerações Finais

Por fim, podemos nos questionar se o inchaço dos dados, a “mesa do banquete” farta de informação, consegue nos servir algo ou esses dados estão sem utilidade real, tanto para transformação da realidade dos usuários quanto para melhoria própria do serviço socioassistencial.

Nesse sentido, o uso do BI na organização e otimização do SUAS pode ser uma ferramenta importante para aprimorar a gestão da informação e a tomada de decisões mais estratégicas, contribuindo para a efetivação da política socioassistencial e para a melhoria das condições de vida da população vulnerável já que nosso processo de formação ainda possui alguns vazios no campo metodológico e as organizações públicas ainda precisam avançar no aparato tecnológico para atuação.

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Referências

BRASIL, Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social-NOB-SUAS/Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Brasília: MDS,2012.

BRASIL, Política Nacional de Assistência Social – PNAS/2004. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Brasília, 2005.

BUENO, N. C.; CARLOTO, C. M. Avaliação e monitoramento da política de assistência social: uma proposta em construção. R. Katál., Florianópolis, v. 18, n. 1, p. 13-21, jan./jun. 2015. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rk/a/J54rDMbvR34WmdP6VjVNTNz/?lang=pt&format=pdf > Acesso em: 17 de março de 2023.

COLERAUS, E. M. A.; LUCHESI, M.; FRANCKLIN, E. (org.). Caminhos para a Gestão de Informação no SUAS. Universidade GESUAS, 2023. E-book.

GUIMARÃES, Leandro. Confira os 4 grandes desafios dos projetos de BI e como superá-los. Know Solution, 2017. Disponível em: <https://www.knowsolution.com.br/confira-os-4-grandes-desafios-dos-projetos-de-bi-e-como-supera-los/ >. Acesso em: 18 de março de 2023.

MARINHO, Diogo. BI – Business Intelligence ou Inteligência de Negócios. Publicado em 20 de jun. 2019. Disponível em: <https://www.linkedin.com/pulse/bi-business-intelligence-ou-intelig%C3%AAncia-de-neg%C3%B3cios-diogo-marinho>. Acesso em: 17 de março de 2023.

REIS, E. S. dos; ANGELONI, M. T. Business Intelligence como tecnologia de suporte a definição de estratégias para a melhoria da qualidade do ensino. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO – ENANPAD, 30., 2006, Salvador. Salvador: ANPAD, 2006. p. 1-15. Disponível em: <http://www.anpad.org.br/enanpad/2006/dwn/enanpad2006-adid-0815.pdf>. Acesso em: 17 de março de 2023.

 

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