Articulação em rede no SUAS: como articular parcerias no território?

Tempo de leitura: 4 minutos

Por Eugene Francklin

A atuação em rede é um dos pilares do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Mais do que uma estratégia de trabalho, ela é uma forma de garantir que as famílias e indivíduos tenham acesso a uma proteção social integral, articulando diferentes políticas públicas e serviços.

No cotidiano do SUAS, é muito importante, além de identificar as demandas dos usuários, estabelecer vínculos, promover diálogos intersetoriais e organizar fluxos de atendimento que vão além dos muros do CRAS, CREAS ou demais serviços socioassistenciais.

Mas afinal, por que a articulação em rede é tão importante? E como fortalecer essas parcerias no território?

Por que a articulação em rede é fundamental para o SUAS?

  • Integralidade do atendimento: uma família em situação de vulnerabilidade raramente apresenta apenas uma demanda. Geralmente, envolve questões de saúde, educação, renda, habitação, entre outras. A rede permite respostas mais completas para atender essas demandas!
  • Complementaridade: evita a sobreposição de serviços e potencializa recursos já existentes.
  • Agilidade na proteção: quando há fluxos pactuados, os encaminhamentos são mais rápidos e eficazes.
  • Corresponsabilidade: fortalece a ideia de que a proteção social não é responsabilidade exclusiva da assistência social, mas de todo o conjunto de políticas públicas.
  • Fortalecimento da proteção social: amplia os vínculos comunitários e garante maior proximidade entre serviços e população.

Como articular parcerias na prática?

  1. Mapeamento da rede existente

Comece identificando quem já atua no território: escolas, unidades de saúde, coletivos comunitários, organizações da sociedade civil, lideranças locais, equipamentos de cultura e esporte, entre outros. Esse levantamento ajuda a visualizar os recursos disponíveis e as lacunas existentes.

  1. Construção de vínculos

O próximo passo é abrir canais de diálogo. Reuniões iniciais, visitas institucionais e rodas de conversa são estratégias para criar confiança e apresentar o papel do SUAS como articulador de proteção social.

  1. Pactuação de fluxos

Definir protocolos de encaminhamento é essencial para que a rede funcione na prática. É importante que cada serviço saiba: quando deve acionar o SUAS, para onde encaminhar determinadas situações e quem é o responsável de referência em cada instituição.

  1. Ações conjuntas

Mais do que encaminhamentos, a rede deve planejar ações integradas: Como por exemplo:

  • campanhas de enfrentamento a violações de direitos;
  • mutirões de documentação civil e Cadastro Único;
  • atividades comunitárias de prevenção e promoção de direitos.
  1. Comunicação permanente

A rede precisa ser visível e acessível. Grupos institucionais de WhatsApp, boletins eletrônicos, cartazes e reuniões periódicas ajudam a manter o diálogo e garantem que as informações circulem de forma ágil.

  1. Monitoramento e avaliação

Acompanhar os resultados é fundamental: quais encaminhamentos tiveram retorno? quais parcerias estão funcionando melhor? onde ainda existem falhas? Esse olhar permite ajustes e fortalece a rede ao longo do tempo.

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Quais parcerias são estratégicas no território para articulação em rede?

Algumas parcerias são essenciais para o trabalho do SUAS:

  • Saúde: UBS, Centros Municipais de Saúde, NASF e equipes de saúde da família. Fundamental nos casos que envolvem saúde, acompanhamento de gestantes, crianças e idosos.
  • Educação: escolas, programas de EJA e conselhos escolares. Parceiros no enfrentamento da evasão escolar e na proteção contra o trabalho infantil e na identificação de demais violações.
  • Trabalho e Renda: SINE, cursos profissionalizantes, cooperativas e programas de inclusão produtiva. Essenciais para apoiar a autonomia das famílias.
  • Habitação: programas habitacionais e de urbanização. Importantes em situações de risco habitacional e despejos.
  • Sistema de Garantia de Direitos: Conselho Tutelar, Ministério Público, Defensoria, Vara da Infância, CREAS. Necessários em casos de violência e violação de direitos.
  • Organizações da sociedade civil (OSCs): atuam no SCFV, acolhimento institucional e projetos comunitários.
  • Segurança Pública: parcerias cuidadosas, mas fundamentais em casos de violência doméstica, tráfico ou exploração sexual.

Conclusão

A rede não é apenas uma soma de serviços, mas um tecido vivo de relações que dá sustentação à proteção social no território. Quanto mais fortalecida for a articulação em rede, maior será a capacidade de resposta do SUAS diante das vulnerabilidades e desigualdades sociais.

Para o assistente o SUAS, atuar em rede significa multiplicar possibilidades, reduzir barreiras e garantir que nenhuma família fique sozinha diante de suas dificuldades.

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