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Por Eugene Francklin
Quando pensamos em planejar a política de assistência social no município, muitas vezes nos deparamos com uma pergunta prática: por onde começar? O primeiro passo é conhecer o território e a realidade social das famílias que mais precisam do SUAS. E é exatamente nesse ponto que o Cadastro Único (CadÚnico) se torna uma ferramenta estratégica.
O que é o Cadastro Único?
O CadÚnico é a principal base de dados do país sobre famílias em situação de vulnerabilidade e pobreza. Nele estão informações sobre renda, trabalho, escolaridade, moradia, composição familiar, presença de crianças, idosos e pessoas com deficiência, além do território onde vivem.
Essas informações não servem apenas para o acesso a programas como o Bolsa Família. Esses dados permitem visualizar a realidade social do município de forma precisa e são fundamentais para orientar o planejamento da rede socioassistencial dos municípios.
Quer um passo a passo com etapas práticas de como utilizar o CadÚnico no planejamento do SUAS? Confira as dicas abaixo!
Como o Cadastro Único pode apoiar o planejamento do SUAS?
1- Conhecer o perfil socioeconômico da população
O CadÚnico traz informações sobre renda, escolaridade, composição familiar, situação de trabalho, moradia, acesso a serviços básicos, presença de pessoas com deficiência, idosos e crianças. Esses dados ajudam a mapear as vulnerabilidades sociais no território e identificar quais grupos precisam de maior atenção.
Exemplo: Se o CadÚnico mostra um número alto de famílias chefiadas por mulheres sem ocupação formal, isso pode direcionar o CRAS a fortalecer ações de inclusão produtiva e articulação com políticas de emprego e renda.
Como fazer: Solicite ao setor do CadÚnico os relatórios atualizados e reúna informações principais como: número total de famílias cadastradas; famílias em extrema pobreza e pobreza; famílias chefiadas por mulheres; famílias com crianças, adolescentes, idosos e pessoas com deficiência; escolaridade e ocupação dos responsáveis familiares; localização geográfica (territórios/bairros). Com essas informações, você consegue traçar um perfil das pessoas em risco e situações de vulnerabilidade presentes no território.
2- Mapear as vulnerabilidades no território
Com o endereço das famílias, você pode georreferenciar os dados e identificar quais bairros, comunidades ou regiões concentram maior pobreza ou exclusão social. Isso orienta a expansão ou fortalecimento da rede socioassistencial como o CRAS, CREAS, SCFV, serviços de acolhimento, entre outros.
Exemplo: Se em uma região específica há muitas famílias com crianças de 0 a 6 anos, pode ser estratégico fortalecer parcerias com creches, pré-escolas e serviços de convivência.
Como fazer: Identifique a concentrações de vulnerabilidade e onde elas ocorrem. Cruze dados, como por exemplo: pobreza x presença de crianças, idosos ou PCD e elabore um mapa socioterritorial para georreferenciar seu território. Assim, conhecendo quais são as vulnerabilidades presentes e onde elas mais ocorrem, você tem base para planejar os serviços e ações socioassistenciais.
3 – Planejar serviços e benefícios socioassistenciais
Os dados do CadÚnico ajudam a dimensionar a demanda por benefícios e serviços. Assim, você consegue alinhar a capacidade de atendimento da rede à realidade da população.
Exemplo: Se o CadÚnico aponta muitos idosos com deficiência e baixa renda, isso reforça a necessidade de estruturar acompanhamento específico para esse público.
Como fazer: Liste as principais necessidades sociais do município e relacione o resultado com os serviços e benefícios do SUAS. Responda perguntas como: Onde preciso fortalecer os CRAS? Há demanda para novos serviços como SCFV, CREAS, acolhimento? Quais perfis de famílias exigem acompanhamento prioritário?
4- Subsidiar relatórios e diagnósticos
O CadÚnico, como traz dados concretos que fortalecem a transparência e o controle social, pode embasar vários planejamentos estratégicos além do diagnóstico socioterritorial, como o Plano Municipal de Assistência Social, o Relatório de Gestão e prestações de contas no Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS).
5 – Articulação intersetorial
Como os dados do CadÚnico também são usados em saúde, educação, habitação e trabalho, eles permitem que você articule ações conjuntas com outras secretarias. Essa articulação fortalece a proteção social no território e evita a sobreposição de políticas.
Exemplo: Planejar ações integradas com a saúde para atender famílias em situação de vulnerabilidade que não acessam regularmente os serviços básicos.
Como fazer: Compartilhe os dados com Saúde, Educação, Habitação, Trabalho e demais políticas. Converse e articule o desenvolvimento de ações conjuntas e também ações de monitoramento em rede dos impactos!
6 – Monitoramento e Avaliação
Acompanhe a evolução dos dados do CadÚnico semestralmente, sem se esquecer de atualizar os diagnósticos e revisar as metas do SUAS do seu município!
Conclusão
O SUAS precisa ser planejado com base em evidências. Quando utilizamos os dados do CadÚnico, conseguimos sair do “achismo” e trabalhar com informações concretas sobre a realidade social da população. Isso fortalece a política de assistência social, melhora a qualidade dos serviços e, principalmente, garante que o direito à proteção social chegue a quem mais precisa.
Você sabia que além de contar com o Cadastro Único para planejar o SUAS do seu município você pode contar com ferramentas de gestão da informação?
Já pensou em ter um sistema informatizado para gestão em tempo real, que permita gerar relatórios como o RMA em segundos, integrar os equipamentos, acompanhar os benefícios eventuais concedidos, padronizar o registro das informações de atendimento e acompanhamentos, efetivar as ações de referência e contrarreferência e, principalmente, georreferenciar o território para localizar com precisão no mapa do município onde estão as famílias e indivíduos assistidos e as localidades onde ocorrem as vulnerabilidades e possuem tendência de risco social, contribuindo e potencializando o uso do CadÚnico no planejamento do SUAS?
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