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Como todos já sabemos, nos últimos meses o mundo vem enfrentando uma pandemia de uma nova linhagem do Coronavírus, o COVID-19. Com o objetivo de reduzir a velocidade de transmissão da doença e, consequentemente, reduzir a sobrecarga nos sistemas de saúde, muitos países vêm adotando diferentes níveis de isolamento social.
No Brasil, ainda não se tem definida uma estratégia nacional, mas diversos estados e municípios vêm adotando a mesma política. Com base no decreto nº 10.282/2020, que regulamenta a Lei nº 13.979/2020, são definidos os serviços públicos e as atividades essenciais para enfrentamento da emergência de saúde decorrente do Coronavírus. Neste contexto, a assistência social e o atendimento à população em estado de vulnerabilidade são apresentados como serviços indispensáveis que, se não atendidos, colocam em perigo a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população.
Apesar de já presente na Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, que prevê no contexto da Alta Complexidade o Serviço de Proteção em Situações de Calamidades Públicas e de Emergência, a presente pandemia tem exigido dos gestores e dos profissionais do SUAS uma completa readequação de suas atividades para conciliar o exercício inerente a política que prevê o trabalho social junto a indivíduos e famílias e as recomendações postas pela OMS sobre a necessidade de isolamento social para conter o avanço e reduzir a possibilidade de contágio e disseminação do COVID-19 ou Coronavírus.
Algumas questões tem sido presentes nos grupos de discussão do GESUAS:
- Os serviços da assistência social deverão ser suspensos?
- Como ficam nossos profissionais do SUAS?
- Como dar atenção aos usuários e ao mesmo tempo atender as recomendações de saúde, principalmente no que tange ao isolamento social?
Assim como estes questionamentos, é consenso a importância que a política de assistência social tem e seu compromisso com a população mais vulnerável em nosso país. Muitas das medidas recomendadas não poderão ser acessadas pela população mais carente. Portanto, precisamos pensar em adequações na perspectiva de atendimento para não incorrermos em situações de vulnerabilidade e, porque não dizer violações de direito decorrentes das próprias medidas que estão sendo recomendadas.
O artigo publicado no Estadão O COVID-19, as desigualdades brasileiras e a Assistência Social pontua brilhantemente o olhar que precisaremos ter com os mais vulneráveis, neste momento de crise.
Neste texto, destaco algumas estratégias que estão sendo utilizadas para garantir a segurança dos profissionais do SUAS e da sociedade, sem deixar de oferecer os serviços e benefícios da Assistência Social. Além disso, trago uma contribuição na qual o GESUAS trabalhou duro ao longo dos últimos dias para oferecer gratuitamente um meio de facilitar que o SUAS se mantenha ativo e eficaz, mesmo diante das atuais adversidades.
Redução de carga horária e revezamento das equipes técnicas
Muitos municípios estão adotando escalas de trabalho para manter os serviços abertos e disponíveis para a população. Com equipes reduzidas é importante focar na organização e estruturação de informações para os usuários de forma a atendê-los da melhor maneira possível. Neste contexto estabelecer fluxos de atendimento entre as equipes de recepção e os técnicos de nível superior é fundamental para otimizar o tempo de ambos e permitir atender mais pessoas. Veja nosso texto sobre estratégias ao se trabalhar com equipes reduzidas.
Suspensão de atividades coletivas
Uma das principais recomendações para evitar a propagação e o contágio pelo Coronavírus é evitar aglomerações. Apesar de ações coletivas e acompanhamentos em grupo serem uma das principais estratégias utilizadas no PAIF e no PAEFI, recomenda-se fortemente a suspensão destas atividades, principalmente aquelas realizadas com idosos. Idosos, doentes crônicos e imunossuprimidos são considerados grupo de risco e, caso infectados, possuem maior chance de desenvolverem complicações.
Agendamento de atividades para evitar aglomerações
Ainda como propósito de evitar aglomerações, secretarias tem adotado como prática o agendamento dos atendimentos ao público. Dessa forma, famílias e indivíduos comparecem aos equipamentos em horários pré-determinados, reduzindo, assim, o contato com outras pessoas. Agendamentos via telefone e aplicativos são alternativas interessantes.
Abertura de novos canais de comunicação
Manter a população informada é fundamental em situações de calamidade. Utilizem as redes sociais, rádios e quaisquer canais de comunicação disponíveis para alertar as famílias sobre o funcionamento das ações da assistência social, os serviços que estarão disponíveis, os horários e a forma de acesso.
É importante compreender quais estratégias serão mais eficazes para fazer com que a informação chegue a população mais vulnerável. Uma demanda crescente nas situações de calamidade são os benefícios eventuais. Especialmente no contexto atual, muitas famílias estão perdendo suas fontes de renda e precisarão recorrer a assistência social para acesso a cesta básica, por exemplo, para garantir o sustento de seus entes. Caso deseje se aprofundar, temos um artigo só com dicas para melhorar a comunicação com a população.
Esforço para acolher pessoas em situação de rua
A população em situação de rua está entre o público alvo da assistência no enfrentamento da Covid-19. Esta população, normalmente, não possui acesso a água, sabão ou álcool em gel, por exemplo, itens fundamentais para higienização e prevenção ao coronavírus.
Em muitas cidades, esforços estão sendo realizados para retirar pessoas da rua e leva-las para unidades de acolhimento, ofertando não só condições de higiene, mas também alimentação e reduzindo sua exposição ao vírus. Acreditamos, ainda, que a articulação e a identificação das vagas nas unidades de acolhimento sejam fundamentais para potencializar as ações da assistência social.
A contribuição do GESUAS contra o COVID-19
O nosso propósito aqui no GESUAS é bem claro: Entregar soluções que contribuam para que pessoas superem suas situações de vulnerabilidade e risco social. Fazemos isso hoje através dos conteúdos em nosso blog, compartilhamento de experiências em nossos eventos e cursos, além de permitir uma gestão do SUAS baseada em informações através do nosso software. Fazemos isso com muito carinho e nos dedicando de corpo e alma.
Nesta guerra contra o Coronavírus e ao ouvir demandas de profissionais de vários estados, sentimos a necessidade de fazer algo que fizesse a diferença em cada cidade do país.
Dessa forma, surgiu a ideia de compartilhar nossos mais de 10 anos de experiência em gestão eletrônica do SUAS disponibilizando gratuitamente uma versão do nosso sistema, já utilizado por mais de 100 municípios de todos os tamanhos, em todas as regiões do país. Algumas dessas cidades já vem obtendo grande sucesso em utilizar os dados do sistema para nortear as ações nessa crise – como Laguna, em Santa Catarina.
Com o GESUAS COVID-19, as equipes da Assistência Social de qualquer município poderá:
- Localizar facilmente a população de risco a partir dos dados do CadÚnico;
- Identificar o público que poderá ter acesso aos auxílios emergenciais ofertados pelo governo;
- Realizar agendamentos para equipamentos e serviços socioassistenciais;
- Visualizar em tempo real vagas em unidades de acolhimento;
Com isso, esperamos reduzir as aglomerações, facilitar diversos processos da sua equipe e possibilitar a adoção do home office nos equipamentos, garantindo, dessa forma, que os técnicos e demais servidores tenham mais segurança no trabalho.
Se você é gestor e quer utilizar o GESUAS COVID-19 neste momento de calamidade, preencha o formulário de adesão disponível no botão abaixo.
Seguimos juntos em favor daqueles que mais precisam. Sairemos juntos e fortalecidos quando esta situação acabar.