Proteção Social Básica: entendendo a diferença entre PAIF e SCFV!

Tempo de leitura: 5 minutos

Por Eugene Francklin

A Proteção Social Básica (PSB tem como objetivo prevenir situações de risco social por meio do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, da promoção do acesso a direitos e da melhoria das condições de vida das famílias e indivíduos. Dentro dessa lógica, dois serviços se destacam por sua centralidade: o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) e o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV).

Na rotina de quem atua na Assistência Social, é comum nos depararmos com dúvidas sobre o papel exato desses serviços da Proteção Social Básica (PSB). Afinal, qual a função do PAIF? O que é o SCFV? Eles são a mesma coisa? Como se articulam no dia a dia do CRAS?

Entender o funcionamento e os objetivos do PAIF e do SCFV é fundamental para quem atua no SUAS, seja como técnico, coordenador, orientador social ou gestor. Isso permite evitar a sobreposição de atendimentos, garantir encaminhamentos adequados e qualificados, planejar ações integradas com foco nos direitos dos usuários e valorizar o papel da Assistência Social como política pública, não como caridade.

Neste post, vamos aprofundar o entendimento sobre esses dois serviços fundamentais!

O que é o PAIF?

O PAIF é um serviço essencial da PSB, executado exclusivamente nos CRAS (Centros de Referência de Assistência Social). Ele é responsável por acompanhar famílias em situação de vulnerabilidade social de forma contínua e planejada, promovendo o fortalecimento de vínculos e a superação de dificuldades cotidianas.

Objetivos principais do PAIF:

  • Prevenir a ruptura de vínculos familiares e comunitários.
  • Prevenir o agravamento de situações de risco.
  • Promover o acesso a direitos e à rede socioassistencial e intersetorial.
  • Fortalecer a autonomia e a resiliência das famílias.

Como o PAIF funciona na prática?

  1. Identificação da família: A partir de demanda espontânea, busca ativa ou encaminhamento de outras políticas públicas.
  2. Acolhida e triagem: A equipe do CRAS realiza escuta qualificada para compreender a situação da família.
  3. Abertura de prontuário SUAS e inserção no PAIF.
  4. Plano de Acompanhamento Familiar (PAF): elaborado com base na realidade, potencialidades e necessidades da família.
  5. Atendimentos individualizados e visitas domiciliares: realizados por assistentes sociais e psicólogos (quando disponíveis).
  6. Grupos de famílias: encontros coletivos para tratar temas como educação, violência, saúde, convivência, entre outros.
  7. Encaminhamentos: para políticas públicas (saúde, educação, trabalho), benefícios (como o BPC), e serviços socioassistenciais (como SCFV ou CREAS).
  8. Monitoramento e avaliação: contínuos, com foco na evolução da situação da família.Saiba como preencher um Plano de Acompanhamento Familiar (PAF) com o modelo do Gesuas!

O que é o SCFV?

O SCFV é um serviço contínuo, planejado e organizado em grupos, que promove a convivência, o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários e o desenvolvimento de habilidades sociais e cidadãs.

Ele é complementar ao PAIF, e sua prática está centrada em atividades coletivas, sempre com o olhar atento à situação de vulnerabilidade social dos participantes.

Objetivos principais do SCFV:

  • Prevenir situações de vulnerabilidade e risco social.
  • Complementar o trabalho social com famílias.
  • Estimular o convívio comunitário, a formação cidadã e o protagonismo dos usuários.
  • Promover o respeito à diversidade e aos direitos humanos.

Faixas etárias atendidas:

  • Crianças de 0 a 6 anos (acompanhadas dos responsáveis).
  • Crianças e adolescentes de 6 a 15 anos.
  • Adolescentes e jovens de 15 a 17 anos.
  • Jovens de 18 a 29 anos.
  • Adultos de 30 a 59 anos.
  • Idosos a partir de 60 anos.


Como o SCFV funciona na prática?

  1. Organização em grupos por faixa etária ou características em comum.
  2. Planejamento de atividades: baseadas em eixos como cultura, arte, lazer, esporte, comunicação, cidadania, identidade, direitos humanos, meio ambiente.
  3. Execução das oficinas: coordenadas por orientadores sociais ou facilitadores capacitados.
  4. Acompanhamento da frequência e participação.
  5. Atuação articulada com o PAIF, principalmente quando há fragilidade dos vínculos familiares ou comunitários.

 Onde o SCFV pode ser ofertado?

  • No CRAS.
  • Em unidades referenciadas (salões comunitários, escolas, associações).
  • Em equipamentos próprios do SCFV.
  • Em parceria com OSCs (Organizações da Sociedade Civil), com supervisão técnica da gestão.

Integração entre PAIF e SCFV

Embora o PAIF e o SCFV sejam serviços distintos, eles devem funcionar de forma integrada. O PAIF identifica famílias ou indivíduos com vínculos fragilizados e os encaminha para o SCFV. Por outro lado, o SCFV pode identificar situações que exigem acompanhamento familiar mais aprofundado, acionando o PAIF.

Essa integração contribui para a efetividade das ações da Assistência Social, bem como para o fortalecimento da rede de proteção social e a ampliação do acesso a direitos e oportunidades de desenvolvimento.

Quando os serviços funcionam com clareza e articulação, toda a rede ganha: o CRAS se fortalece, a gestão municipal melhora seus indicadores e, acima de tudo, as famílias e indivíduos têm suas vidas transformadas pelo cuidado, pela presença do Estado e pela construção de vínculos de confiança.

Conclusão: Fortalecer a Proteção Social Básica é defender o SUAS

O PAIF e o SCFV não são “atividades” ou “projetos”, mas serviços públicos continuados, organizados com base em diretrizes nacionais, normativas técnicas e princípios da Assistência Social. Cabe a nós, trabalhadores e gestores do SUAS, garantir sua implementação qualificada e centrada na promoção de direitos.

Se você atua no CRAS ou na gestão municipal, reflita: como esses serviços têm sido organizados no seu território? Há diálogo entre as equipes? Os encaminhamentos são bem definidos? Os registros estão sendo feitos corretamente?

Esse é um excelente momento para fortalecer a atuação da Proteção Social Básica no seu município.

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Leia também: Trabalho Social com Famílias no SUAS: como e para que?

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